As aulas no LEM podem atender a uma turma inteira ou a parte dela, dependendo da organização da escola. O laboratório deve comportar uma turma, mas as indicações de melhores resultados estão nas experiências com quinze a vinte alunos, ficando, portanto, a turma dividida, parte na sala de aula com um professor e parte no LEM.

É muito significativo que a dinâmica das aulas no LEM seja de compartilhamento, em duplas ou grupos, o que não impede ações individuais.

Incentivamos que, nesse espaço, as atividades permitam a socialização dos estudantes, a valorização da produção coletiva, a troca de conhecimentos, a ampliação da percepção das diferentes maneiras de entender e apresentar ideias. Por isso, sugere-se que a abordagem em grupo, privilegie interações entre os estudantes que tenham diferentes níveis de conhecimento, seja a mais utilizada.

Uma organização adotada no espaço do LEM pesquisado é o agrupamento baseado na teoria dos grupos áulicos, desenvolvida pelo grupo GEEMPA (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação). Nessa proposta, os próprios estudantes escolhem, por votação, os colegas que formarão os seus grupos, considerando alguns critérios elencados pelo professor, e ainda devem elencar o nome dos grupos, as metas do grupo e um coordenador para o grupo.

Vale ressaltar que essa organização adotada para formar os grupos vem apresentando bons resultados, nos mostrando que os estudantes, em um curto período, desenvolveram uma apropriação e responsabilidade consigo e com os outros. Demonstraram, ainda, habilidades que não haviam sido identificadas em sala de aula, assim como posturas que precisaram ser moderadas.

A essa ação pode ser associada a organização, no próprio ambiente escolar, do sistema de monitoria com estudantes de diferentes turmas. A esse respeito, considera-se que, para que um discente seja monitor, não é necessário que seja considerado pelo professor ou pela turma “o melhor”, “o mais inteligente” ou aquele que cumpre todas as tarefas, uma vez que existem muitas habilidades que os estudantes não demonstram em sala e outras podem ser desenvolvidas no próprio espaço do LEM. Então, oportunizar que um estudante seja monitor, para além do fato de auxiliar o colega e aprender com o outro, é também reconhecer a sua vontade e o seu potencial, assim como é uma oportunidade de incentivá-lo a vencer as suas dificuldades.

Outra possibilidade para auxiliar e desenvolver trabalho no LEM nessas condições de quantitativo de estudantes é ter dois professores ao mesmo tempo, na mesma aula. Nesse sentido, os docentes estariam compartilhando a mesma aula, com o mesmo propósito e planejamento.

A mudança do espaço e a possibilidade de poder realizar atividades com recursos podem criar ansiedade nos estudantes, gerando euforia, curiosidade e até mesmo conflitos. Isto poderá ocorrer nos primeiros tempos da experiência no LEM, devendo ser preocupação dos docentes, sem frustrar ou inibir os estudantes, e o próprio professor. Por isso, sugere-se que o docente seja perseverante, tolerante e, primeiro, construa com os estudantes os acordos para uma boa convivência e manutenção desse espaço. Propõe-se, ainda, que o docente separe um tempo para que os discentes possam observar o espaço, os materiais, possam pegá-los, sem uma perspectiva direcionada de atividades, ou seja, dê tempo para que o estudante se aproprie do espaço.

Outro aspecto sugerido é romper com a nossa concepção docente de que o estudante precisa estar em silêncio ou assentado o tempo todo, isto é, o movimento e o diálogo geram barulho, mas, nesse espaço, isso pode e deve acontecer, de forma produtiva e organizada. Para tal, sugerimos que o docente dialogue com os estudantes diante cada ocorrido, com o intuito de promover a reflexão e a observação das situações e de que forma se apresenta a sua reação. Isso é um exercício diário que, aos poucos, vai sendo assimilado pelo docente e discente.

Aos poucos, com o uso do espaço, com as ponderações e intervenções do professor, os estudantes vão entendendo e percebendo a dinâmica do LEM, a partir daí, geralmente, a conduta do estudante modifica, pois ele se percebe nesse espaço e a organização da aula fica mais fácil.