A proposição de experiências no ensino pode se associar ao universo de um laboratório de Ciência. Porém, no laboratório de Matemática, também pode se fazer presente, considerando as suas especificidades. No LEM, as atividades experimentais podem, por exemplo, estar associadas aos aspectos de investigação, a regularidade de padrões, ao uso da Matemática como ferramenta para comprovação dos fenômenos ou fórmulas ou conceitos (como área, volume, perímetro, sistema de numeração, sistema de medidas, relações, funções, etc.).

A partir dos estudos que foram realizados, apresentam-se algumas ideias que foram adaptadas para sugerir experimentações:

1) A experiência realizada apenas pelo professor é “também chamadas de experiência de cátedra, ocupam o nível mais baixo de envolvimento do aluno” (BENINI, 2006, p.47). Essa experiência tem a centralidade na ação docente, que a realiza com o intuito de ilustrar, mostrar um conteúdo. Nesse sentido, o estudante observa e pode intervir com opiniões, mas não manuseará o material utilizado pelo professor. No LEM a experiência de cátedra poderá facilmente acontecer se as ações forem centradas no fazer docente.

2) Outra maneira se refere à abordagem de experimentos para verificar leis e fenômenos, em que o estudante recebe orientações, que precisam ser seguidas, e recursos a utilizar, com o intuito de chegar a um resultado. Dessa forma, há uma condução da atividade pelo docente, que geralmente consiste em: “a) propor um problema; b) sugerir um problema para a coleta de dados; c) dar o tempo necessário para coletar os dados da maneira sugerida; d) solicitar que os alunos organizem seus dados em tabelas, gráficos ou outros; e) solicitar que os alunos respondam a uma série de questões sobre os seus dados; f) solicitar que os alunos obtenham generalizações.” (BENINI, 2006, p.49). Logo, o discente a executa e comprova o fenômeno, os princípios teóricos.

Em relação a essa abordagem no LEM, pode-se caracterizar essa prática, no sentido de mostrar conceitos, podendo, então, ser utilizada com o intuito de comprovar as regularidades e teorias que são apresentadas em sala de aula. Vale ressaltar que não estamos considerando tais práticas como demonstrações matemáticas, “demonstrar o teorema é demonstrar que a implicação é uma tautologia.” (PINEDO, 2008, p.81), ou seja, demonstrar é provar, a partir de hipóteses, formalização com inferências, que algo é verdadeiro, utilizando procedimentos e linguagem definidas pelo campo da Matemática. Demonstrações dificilmente são executadas no ensino da Matemática escolar, principalmente para o ensino fundamental. “Praticamente, para o ensino fundamental e médio, só usamos o laboratório de Ensino de Matemática para a comprovação de uma teoria, ou melhor, entendimento de um conteúdo estudado.” (BENINI 2006, p.97). Consideramos, então, que podem ser feitas “mostrações” como uma forma de observar, manipular e relacionar a teoria à prática, para que os estudantes percebam visualmente que as afirmações são verdadeiras ou falsas.

3) A terceira maneira apresentada é usar a experiência, trazendo um problema e propondo que os estudantes optem pelo processo de resolução, que experimentem e escolham uma explicação que leve a uma solução. Essa também é uma abordagem que pode ser adotada no LEM, considerando as especificidades da disciplina, oportunizando o espaço para que o estudante reflita sobre o seu fazer, estabelecendo uma relação discursiva com colegas e professores. Essa prática se aproxima mais do que defendemos como propósito do LEM, em relação à ensino e aprendizagem.